Papa Francisco: Jesus desce ao inferno de hoje para resgatar os perdidos

Na terceira catequese da série "A Vida de Jesus. Os Encontros", o Papa Francisco dedicou sua reflexão à figura de Zaqueu, explorando não apenas sua história no Evangelho, mas também a dimensão espiritual dessa passagem e sua aplicação ao mundo atual. O Pontífice destaca como Cristo busca aqueles que se sentem perdidos e desamparados, descendo ao "inferno" das dores humanas para resgatar os corações aflitos.
Em sua alocução, Francisco recorda que Zaqueu, personagem do Evangelho de Lucas, era visto como um homem irremediavelmente perdido. "Talvez, por vezes, também nos sintamos assim: sem esperança. Zaqueu, em vez disso, descobrirá que o Senhor já o procurava", enfatiza o Papa. A figura do publicano que sobe na árvore para ver Jesus simboliza a busca humana por Deus, ainda que muitas vezes dificultada pelas circunstâncias e pelas próprias limitações.
O Santo Padre faz um paralelo entre a descida de Jesus a Jericó e sua contínua presença nos lugares de dor do mundo atual. "Na realidade, o Senhor Ressuscitado continua descendo ao inferno de hoje, aos lugares de guerra, de dor dos inocentes, nos corações das mães que veem morrer seus filhos, na fome dos pobres", afirma. Essa imagem poderosa reforça a presença divina em meio ao sofrimento humano, onde Cristo continua a buscar os que se sentem abandonados.
Zaqueu, além de ser um publicano, era chefe dos cobradores de impostos, o que fazia de seu pecado algo "multiplicado" aos olhos do povo. O Papa destaca que, apesar de sua riqueza, Zaqueu carregava o peso da exclusão social e do desprezo. Ao desejar ver Jesus, ele demonstra um anseio profundo, mas enfrenta obstáculos: sua baixa estatura e a multidão que o impede. "É a nossa realidade: temos limitações com as quais temos de lidar. Depois há os outros, que às vezes não nos ajudam", observa Francisco.
No entanto, o publicano não desiste e, com simplicidade e coragem, sobe numa árvore para alcançar seu objetivo. O Papa ressalta que, com Jesus, "o inesperado acontece sempre". Ao passar, Cristo olha para cima e chama Zaqueu, contrariando as expectativas da multidão que provavelmente esperava uma repreensão. "Hoje é necessário que eu fique em tua casa", declara Jesus, mostrando que Deus não se esquece daqueles que são considerados indignos pela sociedade.
O olhar de Jesus sobre Zaqueu não é de reprovação, mas de misericórdia. "É aquela misericórdia que, por vezes, temos dificuldade em aceitar, especialmente quando Deus perdoa aqueles que achamos que não a merecem. Murmuramos porque gostaríamos de colocar limites no amor de Deus", reflete o Papa. Esse amor incondicional gera em Zaqueu uma transformação profunda. Ele se levanta e decide restituir o que roubou, indo além do que a lei exigia, demonstrando assim o impacto genuíno do encontro com Cristo.
Francisco conclui sua catequese convidando os fiéis a aprender com Zaqueu. "Não percamos a esperança, mesmo quando nos sentimos excluídos ou incapazes de mudar. Cultivemos nosso desejo de ver Jesus e, sobretudo, deixemo-nos encontrar pela misericórdia de Deus, que sempre vem nos procurar, em qualquer situação em que estejamos perdidos". Assim, o Papa reforça a mensagem central do Evangelho: ninguém está fora do alcance da graça divina, e o amor de Cristo sempre desce para resgatar aqueles que clamam por Ele.
Fonte: com informações de Vatican News
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