Segurando um ao outro
25/01/2023A dedicada enfermeira, sobrecarregada com tantos pacientes para atender viu um jovem entrar num quartolinando-se sobre o paciente idoso em estado grave e disse-lhe em voz alta: “Seu filho está aqui”.
Com grande esforço o velho abriu os olhos e a seguir fechou-os outra vez.
O jovem apertou a mão envelhecida do enfermo, sentou-se ao lado da cama. Por toda a noite ficou sentado ali, segurando a mão, sussurrando palavras de conforto ao velho homem.
Ao amanhecer o manto escuro da morte caiu sobre o corpo cansado do enfermo e ele partiu com uma expressão de paz no rosto marcado pelo tempo.
Em instantes a equipe de funcionários do hospital entrou no quarto para desligar as máquinas, remover as agulhas. A enfermeira aproximou-se do jovem e começou a lhe dizer palavras de conforto, mas ele a interrompeu com uma pergunta: “Quem era esse homem?”
Assustada a enfermeira respondeu: “Achei que fosse seu pai.”
“Não, não era meu pai, eu nunca o havia visto antes.”
“Então por que você não falou nada quando o anunciei para ele?”
“Eu percebi que ele precisava do filho e o filho não estava aqui, e como ele estava por demais doente para reconhecer que eu não era o seu filho, resolvi segurar sua mão para que se sentisse amparado. Senti que ele precisava de mim”.
Nesses dias em que as pessoas caminham apressadas, sempre com muitos problemas esperando solução, não têm tempo sequer para ouvir o desabafo de um coração aflito, um jovem teve olhos para ver e ouvidos para ouvir o apelo mudo de um pai no leito de dor.
É tão triste viver na solidão, é tão triste não ter com quem contar no leito de morte.
Se você tem um familiar enfermo aproxime-se dele, segure firme a sua mão, ofereça-se para lhe fazer companhia, ainda que por alguns minutos. Fique em silêncio ao seu lado para ouvir o que os ouvidos do corpo não conseguem captar. Seja uma presença amiga, sincera, que proporcione segurança e se você não tem um familiar enfermo agradeça a Deus por isso e faça uma visita a alguém que precisa de apoio.
Há tantos enfermos solitários precisando de um gesto qualquer de afeto para sentir que viver ainda vale a pena. Pense nisso e procure ser a companhia de alguém que precisa de você nesse exato momento. Há alguém pronto para segurar a sua mão hoje, esperando que você segure a dele.
Andréia das Neves Sabina – Bangu - RJ